segunda-feira, 26 de março de 2007

A comida de Nzinga.





Ontem fui ver novamente a peça "A comida de Nzinga", texto de Aninha Franco e Marcos Dias. Na primeira vez que assiti, algumas falas me tocaram. Infelizmente não escrevi a respeito e nem tenho como fazê-lo agora porque naquela oportunidade, havia um contexto do qual não me recordo. Desta vez convidei o amigo de um amigo, que espero que se torne meu amigo. A minha intenção era apenas a de conversar com ele, não de assistir a peça. A verdade é que fui encontrá-lo com a missão de fazê-lo reconsiderar a manutenção de um relacionamento. Conversamos bastante, falei um pouco de mim e ouvi o que ele tinha a dizer, embora tenha certeza que havia muito mais a ser dito por ele.
Durante a peça, surgiram algumas frases que me tocaram. Frases do tipo que nos obrigam a pensar. Não sei se meu caro amigo prestou a atenção, mas em decorrência da circunstância pela qual ele está passando e da situação em que me encontro, acredito que foi e é válido, tanto para mim quanto para ele, assim como para você também, caro(a) leitor(a), relembrar algo que já sabemos e que temos de aprender a lidar... em certo momento da peça uma personagem fala:
"Há uma guerra dentro de nós...". De fato. Uma guerra e terríveis batalhas são travadas em certos períodos. Em outro momento, a mesma personagem diz:
"O que sentimos nos liberta...". Em parte, creio que liberte, que nos transporte para outras dimensõs, outros rumos... assim como creio que os sentimentos (ou alguns deles) também tenham igual poder de nos tornar escravos.
"A liberdade é a única riqueza que um ser que respira deve hostentar".
Outra fala magnífica da peça. Parece que esta eterna guerra travada em nosso íntimo é pela busca da liberdade... liberdade? Qual liberdade? De saber quem somos? De realizar nossos desejos? De nos tornamos impunes do julgo alheio?
Deve ser por todas essa coisas e/ou por nenhuma delas. O que nos interessa no fundo é a felicidade! E esta felicidade reside no bem-estar.
Voltando do teatro, pensando em zilhões de coisas, entre filosofar e enumerar minhas obrigações acadêmicas, vi um carro se aproximando e nele, um cachorro com a cara de fora, curtindo o vento na janela.


Eu confesso que não consigo resistir a essa imagem... Abri um sorriso e fiquei, como ainda fico boba, de só cair na real de que a felicidade está presente nesses momentos simples, aparentemente banais, mas de importância fundamental. Creio que a maturidade torne isso mais nítido e eu desejo que meus amigos não tenham apenas sucesso profissional ou dinheiro... Apenas desejo, humildemente, que estejam felizes. Felizes com eles mesmos, com as escolhas que fizeram, felizes por serem quem são independente disso ser proporcionado por outra pessoa (embora anseie que eles sejam auto-suficientes em suas felicidades).

Mas, como tudo ou quase tudo na vida tem um "mas"... temos que pagar um preço. Até mesmo ou principalmente por isso, por essa felicidade, não temos como nos esquivar de pagar esse tributo... Então, se for pra ser assim, que o orgulho fique de lado, que a humildade e a sabedoria assumam o controle ao lado da paciência e da perseverança. Aliás, eu acho que perseverança é um eufemismo para teimosia.
Com mais um fala espetacular da peça, termino este texto com as doces lembranças da gentileza, educação, carinho e preocupação com o bem-estar de todos que meu avô sempre teve. Das pequenas coisas que aparentemente são banais, mas que são imprescindíveis para a felicidade. É assim que me recordo dele ao longo de todo esse tempo, de 1 ano de ausência física que se completou ontem... mas de eterna presença espiritual.

"Não há guerras sem perdas, assim como não há vitória sem respeito!"

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Notícias


Os meses de dezembro, janeiro e o início de fevereiro foram meses interessantes para mim. Coisas interessantes aconteceram e ainda estão acontecendo... Responsabilidades, grandes responsabilidades... afinal de contas, quase cuidei da minha avó sozinha... Mas graças a Deus, Jeová, Javé, seja lá qual for a denominação que você, caro leitor, dê a essa força sobrenatural, superior, cósmica que criou e/ou move todas as coisas e seres deste universo, dei conta do recado e ela está bem melhor... mais expressiva, conversando e interagindo conosco... Estou feliz com isso, satisfeita. Sensação de dever cumprido, de obrigação realizada. Melhor que isso é a consciência de ter feito minha parte. Acho que pode-se chamar isso de tranqüilidade também.
Saí muito nessas férias... fui ao teatro, estive mais próxima dos meus amigos, conheci novas pessoas, novos lugares, novos ambientes, recebi propostas incandescentes, decentes, indecentes e indecorosas... talvez por força dos ambientes, do álcool, das índoles, do caráter, do comportamento... mas
nem sempre o alheio é influenciado por quem não está ‘alheio’... podemos encarar isso de uma maneira piedosa, com compaixão, dó ou, se preferir, encarar isso de uma forma mais positiva (na minha humilde opinião, esta é a melhor alternativa), enaltecendo o direito que temos (supostamente) de escolher nossos caminhos... caminhos estes que podem ter volta ou ter várias encruzilhadas que nos mete medo de seguir adiante, confiante... afinal de contas, sabemos que existem caminhos sem volta. Tropeçar faz parte da caminhada, mas as quedas podem nos conduzir a uma reflexão, a uma capacidade de discernir melhor acerca da forma como conduzir nossos passos, nossa marcha, nossa velocidade, nosso ritmo. E sofrer faz parte do processo... do aprender. Mas o arrependimento torna tudo mais doloroso, mais difícil, mais longo... o arrependimento torna mais potente o sofrimento.
A luz no fim do túnel, essa certeza inviolável de que tudo passa, de que melhores dias virão, a esperança de voltar a sorrir, de ter a felicidade reinando no coração e a tranqüilidade na consciência tem de ser valorizada em todos os momentos e restaurada naquelas pessoas próximas a nós, SEMPRE! A auto-estima é fundamental.
Estou num momento muito feliz da minha vida... e bastante pensativa quanto a tristeza de dois grandes amigos, que estão atravessando uma fase difícil... quero muito restabelecer neles essa confiança de que no final, tudo vai dar certo e a importância de se aprender com o sofrimento sem esquecer de se manter otimista quanto ao desfecho das circunstâncias. Aliás, isso me lembra uma frase que li há alguns anos e que jamais esqueci da Maria Helena Matarazzo que diz o seguinte:

“Aprende-se mais em dez dias de agonia do que em dez anos de felicidade”.

E pra finalizar, mais um comentário. Sobre o título desse pequeno texto... resolvi escrever depois desse tempo todo, apesar de ter pensando em vários outros aspectos a serem comentados que, posteriormente estarei publicando, por causa da notícia, ou melhor, das notícias que vi no noticiário hoje. Vi no Jornal Nacional o depoimento da mãe que teve seu filho arrastado por quatro quarteirões por bandidos... aquilo mexeu comigo. Quanta atrocidade! Fui tomada de uma tristeza, de uma desesperança. E veio uma vontade de chorar... imaginar a agonia dessa criança, o desespero dessa mãe... a única coisa que me passou pela cabeça foi a seguinte pergunta: “Como o ser humano pode ser tão perverso?” A mãe pede justiça. Em seguida, especialistas falaram sobre como evitar crimes dessa natureza praticados por menores... Muitas teorias, muitos pareceres.. todos com razão, todos com fundamento e o mais importante nisso tudo que seria a ação, é a coisa mais escassa. Falta atitude, falta vontade, falta movimentação, falta mobilização e sobra comodismos e teorias... Eu não gosto mais de ver televisão. É um mundo de mentiras, de fantasias... me entristece ver apenas noticiados crimes, bandidagem e os ‘gols do campeonato brasileiro’... Me pergunto: “Será que as ONGs não estão sendo criadas e obtendo resultados, êxitos com suas ações?”, “Será que brasileiros que conquistaram vitórias não merecem reportagens ou programas especiais?”. Estou aqui me atrevendo a dizer que os jornalistas não fariam mal algum ao pensarem as notícias a serem divulgadas... Creio que prestariam um enorme serviço informando que existem pessoas de boa vontade trabalhando para um mundo melhor e estimulando a solidariedade nos outros... É isso!


Fica aqui um trecho da canção do Renato (que deixei de ouvir há muito tempo por causa da extrema melancolia das letras) que traduz muito bem o que senti ao saber do que aconteceu com esse garotinho.




"Gostaria de não saber destes crimes atrozes
É todo dia agora e o que vamos fazer?
Quero voar p'ra bem longe mas hoje não dá
Não sei o que pensar e nem o que dizer
Só nos sobrou do amor
A falta que ficou."


Os anjos (Dado Villa-Lobos e Renato Russo).