domingo, 2 de março de 2014

Quem é responsável pelos seus atos?

     Eu estava essa semana conversando com minha mãe. Ela falava sobre o poder de satanás de causar danos nas vidas das pessoas. Ela chegou a citar a explanação que o pastor fez sobre como as pessoas "autorizam" os  demônios a agirem nas vidas das outras.
     Muito bem. E eu estava ouvindo, analisando e só conseguia pensar nessa justificativa "mística" para os maus atos. Em relação às coisas boas, por elas, apenas Deus é o responsável. Outra justificativa "mística". Daí comecei a me perguntar: 'Quanto é que, de fato, as pessoas são as responsáveis por seus atos?'
     Depois de um tempo pensando e analisando todas essas falas, crenças, essas justificativas "místicas" para o bem e para o mal, não consigo mais crer na existência de alguma(s) entidade(s) que se sinta(m) responsável(is) ou tenha(m) alguma função de nos fazer bem ou mal. Teorias de predestinação, carma, reencarnação, não são mais aceitáveis para mim sob o ponto-de-vista de responderem questionamentos do porque as coisas dão certo ou errado.
     Eu compreendo e respeito o conforto que essas crenças dão às pessoas. Particularmente, penso que essas crenças às aliviam de ter que lidar com o peso das circunstâncias da vida. Não é fácil perceber e ter que lidar com os fatos de que somos sim, responsáveis  pelas circunstâncias de nossas vidas. A sensação de prazer produzida pelo poder de decisão nesse aspecto pode ser atrativa inicialmente e depois, culminar em um estresse não gerenciável. Por outro lado, lidar e aceitar o fato de que existe não apenas uma dependência, mas também uma contribuição a partir dos atos produzidos por pessoas próximas ou estranhas em nossas vidas, nos tira a possibilidade de escolha e nos deixa a mercê dos eventos alheios. Essa é outra questão real e difícil de digerir.
     Não me aborre e não me incomoda em que ou no que as pessoas escolhem acreditar. O que ainda custo a tolerar é que essas mesmas pessoas que descobriram algo que julgam ser verdadeiro, mantenham a ignóbil postura de impôr suas crenças aos outros. Não faço esforço algum, nem tive ou tenho o propósito de explanar sobre meu ateísmo com os outros. Mas gostaria que me aliviassem do porre e encheção de saco que é ouvir, não sobre como satanás agiu destruindo a vida de alguém, de como Jesus Cristo ou Deus ajudou/ajuda outrem a superar problemas pessoais ou financeiros. O que me incomoda sobremaneira é a extenuante tentativa de me convencerem que Deus existem sim, assim como o Diabo e que eu devo crer nisso, aceitar Jesus e seguir os mandamentos para ser feliz e claro, mais importante de tudo, ser salva e entrar no reino dos céus. Já o fiz e isso trouxe muita infelicidade em minha vida. Não quero mais professar isso. Não comungo dessas ideias. Por fim, peço apenas que, por gentileza, respeitem isso. E não esqueçam de desligar a luz e fechar a porta ao sair.


Um comentário:

Unknown disse...

Muito bom , Mocinha, adorei. Sua maneira de escrever, explanar, mostrar seus pensamentos, lógicas, convicções são sempre envolventes e fáceis de entender. Vc tem o dom da escrita e, espero, continue fazendo bom uso disso. Também acho que os crentes, e esse termo não tem nada de pejorativo, entendam que não precisamos ser convencidos, salvos ou libertos de nada, e apenas compreendam, em nome de Deus, já que tanto acreditam n'Ele, que temos nossa própria crença ou descrença, nossa fé e nossas escolhas. E que assumimos nossas atitudes, sem precisar de desculpas ou paliativos do tipo "são os desígnios de Deus". Fé não se impõe, não se vende, não se compra, não se obriga. Apenas se tem, ou não. Que venham mais textos seus. Beijão, Juca.